Se a pesca artesanal e seus atores quase não existem na historiografia das ilhas, sobre o presente já é possível encontrar um bom número de trabalhos tratando da atividade. São trabalhos que levando em conta a origem de sua produção e a sua finalidade, costumo pensá-los divividos em dois grandes grupos. 

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De um lado temos os documentos, os estudos e as estatísticas produzidos pelo estado caboverdiano e que são todos destinados ao que venho nomeando no âmbito da minha pesquisa de "gestão estatal das pescas". Basicamente são trabalhos que buscam produzir radiografias sobre a atividade pesqueira, com vistas a fornecer subsídios para a sua gestão enquanto um setor da economia. Por isso quem os produz são os burocratas que exercem função em ministérios e institutos ligados à pesca, muitas vezes auxiliados por atores internacionais vinculados às inúmeras cooperações internacionais que atuam no arquipélago. 

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Já o outro conjunto de documentos dizem respeito aos estudos acadêmicos propriamente ditos produzidos.  Sobre esse segundo conjunto é importante destacar uma forte presença das temáticas do primeiro grupo em suas formulações, situação que me parece ajudar a inibir o desenvolvimento de pesquisas que estejam realmente preocupadas com a perspectiva dos pescadores e peixeiras sobre a sua atividade.

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