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17 de maio, Dia Nacional das Peixeiras

  • Foto do escritor: João Paulo Araújo
    João Paulo Araújo
  • 17 de mai.
  • 2 min de leitura

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Em 17 de maio de 2024, foi instituído o Dia Nacional das Peixeiras. Uma primeira questão que considero curiosa em relação à criação dessa data é fato de ter ocorrido 39 anos após o estabelecimento do 5 de fevereiro como o dia Nacional dos Pescadores.

De toda sorte, como bem ensina o ditado popular, antes tarde do que nunca, não é mesmo? Bom, vejamos...Eu tive uma professora durante a minha graduação que dizia não gostar desse tipo de efeméride, porque é como se elas servissem mais para aliviar as nossas consciências culpadas, do que para celebrar a importância dos homenageados (as).

Em primeiro lugar, não penso que seja possível encontrar qualquer pessoa em Cabo Verde que desconheça a importância das peixeiras para a sociedade mais ampla. Elas são, fundamentalmente, aquelas que garantem que o pescado chegue até a mesa dos caboverdianos.

Mas elas também são, muitas vezes, chefes de família, como também esposas zelosas de seus maridos que se encontram nas pescas e, muitas vezes, antes mesmo de vender o peixe, esperam ansiosas e temerárias por aqueles que se arriscam no mar, para trazer o peixe pra terra.

Dessa posição de resguardo e de amparo daqueles que se lançam ao mar, constroem e reafirmam, cotidinamente, o seu lugar de atuação junto a uma atividade dominado por homens. Cumprem, também, um papel crucial na eliminação da figura dos intermediários e garantem, com isso, que uma renda maior do pescado fique retida em seus núcleos familiares.

São, portanto, um pilar fundamental do universo artesanal pesqueiro e, juntas, compõem um belo movimento de apropriação de base popular da maior riqueza existente no país. Reclamam, por isso, da concorrência desleal com a indústria estrangeira da pesca que ao acentuar o quadro de escassez, obriga que seus entes queridos tenham que passar mais tempo no mar, expostos aos altos riscos do traiçoeiro mundo das águas.

Apesar dessa importância crucial e inquestionável, para algumas Câmaras Municipais elas não deveriam circular pelas ruas, por causa do "cheiro de peixe". Escutei de um Sr. em Tarrafal de Santiago, que se a cidade quiser ser um pólo de turismo, que deveria dar cabo da venda de peixe pelas esquinas da cidade.

Também já ouvi, inúmeras vezes, que as peixeiras exploram os pescadores e que são elas, vejam só, que são elas que mais lucram com a venda do peixe. Bom, além dessas calúnias, as peixeiras precisam lidar com a falta de infra-estruturas básicas como a ausência de mercados de pescado, das máquinas de gelo ou de câmaras frigoríficas.

As queixas de abandono por parte do governo são muitas e recorrentes quando se conversa, seriamente, com as peixeiras.

Diante desse quadro, nesse dia 17 de maio, não quero oferecer flores para as peixeiras. O que desejo, é que elas sejam honestamente ouvidas e apoiadas ao longo de todo o ano e que recebam, da sociedade, um retorno adequado à sua importância cotidiana para as ilhas.










 
 
 

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